terça-feira, 26 de julho de 2011

Seguir a Deus ou ser feliz? Por que não os dois?


Leonardo Dantas Costa
Assessor da UAADEG
Regente do Grupo dos Adolescentes
da AD Belém Setor 19
Sede - Jd. Tranquilidade

Fiquei um tanto preocupado ao reler o texto “A arte de dizer Não” e interiorizar um pouco da idéia que ele passa. Afirmo, nesse texto, que a convivência do homem com Deus é marcada por um conflito de vontades. Por um lado, o instinto humano nos impulsiona a agir de acordo com o que somos, com nossas próprias emoções. Por outro lado, Deus, por meio de sua lei, reprime alguns desses instintos, por serem, muitas vezes, contrários aos Seus mandamentos.

Quando me refiro aos instintos humanos, falo da animalidade humana, da violência, do desejo de satisfazer sua carne, da ânsia por poder e pela rivalidade e competitividade. Estas são características que, no projeto de Deus para a criação do mundo, não existiam. São fruto de uma desvirtuação dos mandamentos divinos, por meio do pecado e da desobediência.

A Lei de Deus é a responsável por essa repressão. É inata ao homem; ela que nos incomoda quando erramos, ou machucamos alguém. Ela que nos acusa quando roubamos ou mentimos.


Mais do que isso, esta lei é a responsável por “manter o homem na linha”, impedindo que seus desejos aflorem. A repressão de nossas vontades é necessária para se ter um relacionamento saudável com Deus e com a sociedade.

Mas, se Deus nos criou para sermos felizes, por que seu projeto passa pela repressão de nossos desejos? E por que essa repressão se torna tão dolorosa? Ainda, qual alternativa temos para encontrar a suma felicidade?

Quando se diz “Não”, a dor e o rancor, num primeiro momento, são inevitáveis. Afinal, deixamos de ser o centro das atenções e reconhecemos que há algo, ou alguém, mais importante do que nós. E, para nós, humanos, isso é muito difícil.

Veja que, por toda a história da Humanidade, o diabo tentou colocar em nossas mentes que necessitamos de poderes que nos tornem maiores do que Deus, ou, ao menos, semelhantes a Ele.

Vemos essa ânsia por grandeza, e os males que ela traz ao ser humano em personagens como Napoleão Bonaparte, e seu desejo de formar o maior império da Humanidade, ou Hitler, e a tentativa de auto-afirmação como líder de uma “raça superior”. Passamos por diversos personagens, inclusive na Bíblia, como os construtores da torre de Babel ou, simplesmente, Lúcifer.

Mas, o maior exemplo, e aquele que nos condenou a esta realidade é, certamente, Adão. O pecado original se resume numa tentativa, frustrada, de se equiparar a Deus, e alcançar os poderes divinos.

Desde então, o homem busca em si mesmo, e em objetos e bens ao seu redor, o cumprimento de suas realizações pessoais, como forma de alcançar a suma felicidade.

Porém, ao negarmos a nós mesmos, e rejeitarmos nossos desejos, negamos também esta parte de nós que quer ser grande, e que deseja conquistar e ser reconhecido. Negamos o individualismo, o antropocentrismo e a busca pela perfeição. Por isso, a dor imediata.

Há duas formas de negação e repressão a si mesmo, que influenciam diretamente nessa dor.

A primeira é negação por obrigação. Quando negamos nossas vontades por um simples compromisso, não aprendemos com nossos erros. Mais do que isso, é bastante comum que gere mal-humor, nervosismo e rancor. Isso, porque o homem coloca-se contra Deus e questiona sua decisão. Para ele, suas vontades continuam sendo as mais importantes, e ele, o centro das atenções. São pessoas mesquinhas e individualistas, que se condenam a um sofrimento constante.

A segunda forma de negação é a voluntária. É forma mais difícil e que exige maiores sacrifícios. Quando escolhemos, voluntariamente, fazer a vontade de Deus, fazemos delas as nossas próprias vontades. Negar a si mesmo faz com que o homem se afine às ordens de Deus para a sua vida.

E, não pense que essas ordens são para o nosso mal. Elas, simplesmente, expõem que existe alguém a quem devemos respeitar e que quer toda a nossa atenção e carinho. Se Ele “perdeu seu tempo” criando os céus, os mares e a Terra; planejou o homem, e, vendo-o pecar, idealizou um plano pelo qual sofreria para nos salvar, certamente sua vontade não é de nos ver sofrer. Pelo contrário, sua vontade é a nossa felicidade, e Ele, mais do que ninguém, sabe que só a encontraremos se formos até sua presença.

Ao escolhermos seguir a Lei do Senhor, devemos ter em mente que ela é a melhor opção para o nosso futuro. Isso, porque nEle, e só nEle, encontramos a paz e a suma felicidade que tanto nos falta. Seguindo a sua Lei, percebemos que tudo aquilo que ela determina para nós, se não imediatamente, fará todo o sentido, e resultará em um bem muito maior do que poderíamos imaginar.

O melhor de tudo é que, quando aceitamos as vontades de Deus, repetidamente, percebemos que as nossas vontades começam a se transformar nas dEle. Aquilo que planejamos e sonhamos para o nosso futuro entra em sintonia com o que Deus planejou para nós. Nossas paixões e desejos voltam-se para Ele, e direcionam-se para onde Ele nos apontar.

Há exemplo melhor do que Davi? Sua vida foi voltada para a adoração e o respeito ao Senhor, suas decisões só eram tomadas após consultá-Lo, seu louvor era tão magnífico que espantava os espíritos malignos. Há quem diga que ele aceitou sua própria vontade, ao cometer um adultério e um homicídio. Mas, logo, reprimiu-se: “Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” (Sl 51:16-17).

Davi era, certamente, o homem segundo o coração de Deus, cujas vontades condiziam às vontades do Altíssimo, e os desejos individuais passavam pelo crivo da Lei Divina. E Davi aceitava as vontades do Senhor como se fossem suas próprias.

Basicamente, como o escritor C.S. Lewis muito bem ilustra, nossa vida é como uma melodia. A Lei de Deus é a partitura, que determina o tom e as notas que nós tocaremos. Podemos escolher tocar outras notas, mas a melodia não seria bonita, seria desafinada, fora de tom e ritmo. Muito bem, se escolhermos tocar conforme a partitura, ainda podemos tocá-la com rancor, tristeza e raiva. Ou podemos tocá-la com amor, sem culpa, com emoção e devoção. Qual o som você acha mais agradável?

Leonardo Dantas Costa